sábado, 15 de maio de 2010

tenho a vida inteira para...

Desde janeiro deste ano, essa frase tem me perturbado o sono. Muito habituada a fazer tudo ao mesmo tempo e tentar cumprir todas as responsabilidades (sejam minhas ou que os outros acham que são), fui pega de surpresa no casamento de uma das minhas amigas mais queridas. Em um determinado momento da noite, na qualidade de madrinha da noiva procurei saber se ela estava precisando de alguma coisa e simplesmente perguntei se já tinha jantado; ela me olhou, me deu um sorriso lindo e feliz e respondeu: "Tenho a vida inteira para comer, agora só quero aproveitar a alegria do meu casamento!"
Na época já estava grávida, e fiquei me perguntando quais coisas na minha vida são essenciais, quais posso esperar para fazer e mais importante: será que tenho vivido de forma tão intensa e verdadeira as alegrias da vida? Nem preciso dizer que o momento de maior felicidade da minha amiga, se transformou numa crise existencial para mim.
Até hoje me pego acordando no meio da noite tentando completar a frase "tenho a vida inteira para _____". Aos poucos tenho aprendido a priorizar, tenho perdido o medo de desagradar, e estou descobrindo que dizer "não" acaba sendo natural se o que te pedem não é uma prioridade de fato.
Tenho certeza que esse tem sido um exercício valioso, pois como mãe vou precisar priorizar as atividades com as quais vou me comprometer, as que irei valorizar em favor da minha família; também terei que saber frustrar minha filha para que ela possa aprender a lidar e superar os limites que a vida irá lhe apresentar e sem dúvida nenhuma quero poder viver com profundidade a felicidade de ser mãe desta pessoinha e poder participar da vida dela. Como mulher, esposa, profissional e mãe vou precisar preencher essa lacuna sempre: "tenho a vida inteira para..."
Agradeço todos os dias por ter escutado isso!

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