Querida mãe da Agatha e do André,
Tudo bem?
Não sei se é assim que devo escrever o nome da Agatha, mas como a minha mãe é super fã da Agatha Christie, fiquei com essa referência; se não for me perdoe é uma grafia afetiva, se é que isso existe.
Eu quis te escrever porque você tocou profundamente a minha vida, e acredito que você nem imagine. E talvez nunca venha a imaginar.
Nós nos encontramos, por no máximo 10 minutos, no banheiro familiar de um shopping center.
Você caminhava à minha frente com seus filhos, e eu fui levar minha pequena que estava apertada, para o mesmo lugar que você estava indo.
Eu notei você antes de nos encontrarmos porque você tinha um bebê no colo, mais uma mala de troca ao ombro. E ainda tinha uma criança pulando de alegria segurando a sua outra mão.
Quando eu a vi, sinceramente, senti compaixão.
Pensei comigo, puxa que difícil, uma criança maior pulando, um bebê ao colo, mais uma mala pesada, é muita coisa para equilibrar. Isso numa praça de alimentação cheia de pessoas carregando bandejas, andando apressadas para lá e para cá.
Quando chegamos ao banheiro familiar, você já tinha se organizado para trocar a fralda do André. Eu e a pequena já estávamos lavando as mãos para irmos embora, quando você me pediu ajuda.
A sua pequena também estava apertada.
Ele estava no trocador e eu não sabia muito bem o que fazer.
E você começou a conversar comigo, me explicou que sua família estava almoçando e que vocês (você, Agatha e André) já haviam almoçado. Você me perguntou como a pequena se chamava, e carinhosamente a chamou pelo diminutivo que mais gosto: Bela.
Em seguida, você me perguntou se a pequena era filha única, mas você fez isso com toda a delicadeza, sem cobranças, sem julgamentos. E me contou que a diferença de idade entre seus filhos é exatamente a diferença que eu teria entre dois filhos, caso eu decidisse engravidar mais uma vez.
Enquanto isso, o André me olhava com uma carinha de sapeca e sábio ao mesmo tempo, fazendo meu coração derreter de tanto amor. Foi a segunda vez que um André alcançou o meu coração assim. O primeiro foi o meu marido.
Você chamou a sua filha e pediu para ela ensinar a minha a como pedir um irmão para o Papai do Céu. Enquanto isso, a Isabela se derretia pelo André, dizendo que seria muito legal ter um irmão e que faria como a Agatha ensinou.
Você o tempo todo sorriu sinceramente, foi grata e me disse que eu tinha sido um anjo para você naquele momento.
Eu sorri.
Mas a verdade é que o anjo foi você.
Antes do nosso encontro, a imagem que eu sempre tive de mães de dois, era de uma mãe esgotada, triste e exaurida pelo trabalho de ter dois filhos. Sempre tive medo disso. Não é assim que eu quero ser.
Ao te conhecer, ao ver sua delicadeza, sinceridade e leveza em lidar com as duas crianças, todos os meus medos escapuliram de dentro de mim.
Você - que eu nem mesmo sei o nome - se tornou um alguém muito especial.
Eu não sei se um dia eu serei mãe de duas crianças, mas quero - mesmo sendo de uma "só", ter em meu rosto o sorriso sincero, a delicadeza e a tranquilidade que vi em você.
Eu só segurei o André para você acompanhar a Agatha, mas quem foi ajudada de verdade, fui eu.
E serei eternamente grata!
Muito obrigada.
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