quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

desde a última vez que escrevi

A última vez que escrevi (de verdade) aqui, foi em 03 de dezembro de 2012. Eu não sabia, mas a minha vida ia virar de cabeça para baixo (mais uma vez) e eu viveria uma experiência que me obrigaria a mudar opiniões e certezas sobre mim, sobre meus sonhos, sobre a maternidade. 
Não, eu não fiquei grávida. Mas sim, pari novamente.
Na época da última postagem, a pequena tinha 2 anos e meio, eu já estava trabalhando normalmente. E conversando com o marido, cheguei a conclusão que deveria volta a estudar. Eu já tinha feito um curso técnico, uma faculdade, uma pós, uma especialização. Pareceu adequado prestar o mestrado. 
E eu passei no mestrado.
Fiquei feliz.
Que bom.
E foi aí que as coisas começaram a mudar.
A primeira coisa que você precisa saber sobre o mestrado, é que apesar de você ter experiência profissional, ter algum conhecimento teórico e achar que é muito legal estar cursando o mestrado. Nada disso conta alguma coisa. Você será considerado como um iniciante imaturo. Cursando algo que só valerá a pena se você tiver desejo de continuar e caminhar em direção ao doutorado, pós-doc e etc... 
É possível que somente eu tenha vivido isso, devido toda a conjuntura estabelecida. Mas foi assim, pelo menos para mim. Eu vivi uma espécie de Tropa de Elite acadêmico. Toda semana meu Capitão Nascimento me colocava em situações impossíveis, algumas humilhantes, testes de resistência emocional, profissional e intelectual. Ainda fazendo analogias, meu tanque de resiliência ficou semelhante às represas paulistas: no volume morto.
E como isso me mudou? 
Bom, apesar de toda a dificuldade em sobreviver aos dois anos do curso. Descobri que sou apaixonada por pesquisa. Tanto quanto a prática profissional, ou até um pouco mais. Descobri também que ser mãe, trabalhar fora, voltar a estudar e manter a vida em equilíbrio é algo surreal.
Isso me fez ter um respeito profundo pelas mulheres que trabalham e são mães. Continuo admirando as mães em tempo integral, são igualmente guerreiras. Mas a minha admiração veio em direção àquelas que não têm escolha, sabe? 
Por que a maternidade, cá entre nós, é um processo solitário recheado de culpas e de julgamentos. Cada mãe sozinha se une a um grupo de outras mães sozinhas, e cada grupo esbraveja contra o outro. É um mundo cruel que as mães estabelecem umas contra as outras. Tem as do parto normal, as do parto normal humanizado, as das cesárias, as das que fizeram cesárias contrariadas. Tem as mães em tempo integral, em tempo parcial, as phynas, as desleixadas, as workaholics. E tem as ditaduras dos grupos. Quando um grupo está em alta, o outro grupo luta para voltar ao topo.
Eu transitei e colaborei com inúmeros grupos, você pode observar isso aqui mesmo no blog. Mas estes últimos dois anos me ensinaram que o sonho e a realidade são coisas que podem se cruzar, mas também podem se distanciar. A minha experiência materna nos últimos anos não foi nula, eu não deixei de ser mãe da pequena, em nenhum instante. Mas eu deixei de estar exclusivamente perto. O mais incrível? Foi bom para mim, e foi imensamente bom para ela. 
E isso me mostrou que existe apenas a vida. Tem coisas que a gente sonha, planeja, imagina. E tem coisas que a gente não sonha, não planeja, não imagina e acontece assim mesmo. As vezes mudam a vida, as vezes mudam a gente. E nem por isso vivemos menos. Por isso, menos julgamento e mais compreensão, por favor, mamães.
Eu terminei o mestrado, e como disse, pari minha dissertação. O nome dela (da dissertação) é bonito, contém o máximo das 12 palavras aceitas pela comunidade científica. Digo que pari, porque o processo foi semelhante, foi doloroso, me fez chorar inúmeras vezes, vivi muitas madrugadas em claro, minha aparência mudou, impactou a minha relação com o marido (de uma forma positiva). "Igual que nem" um bebê.
Desde a última vez que escrevi eu voltei a estudar, escrevi histórias infantis, vi a pequena crescer, observei o máximo que pude das conquistas dela. Ou seja, eu não escrevi aqui, mas eu vivi. Intensamente!





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