Temos os encontros de fim de ano das firmas, temos os famigerados amigos secretos, temos as apresentações escolares, temos os festivais dos esportes, as apresentações culturais e muitas outras comemorações lindas.
Mas existe uma premiação ultra secreta, que também acontece no mês de Dezembro, na qual uma única mãe no mundo todo recebe o desejado título de mãe do ano.
Eu, até hoje, só fui indicada a este título uma única vez.
Lembro-me com carinho de Dezembro de 2009.
Quando recebi o envelope de indicação, eu estava grávida pela primeira vez, cheia de sonhos, desejos e teorias perfeitamente selecionadas.
Quanta alegria! Foi uma honra ser indicada.
Mas não ganhei.
E não sei quem ganhou.
Ouvi dizer que as identidades das mães que são agraciadas com o título, são protegidas pelas agências de segurança mais importantes do mundo.
Reza a lenda que as mães fazem parte de uma espécie muito feroz e agressiva, que muitas vezes julgam com voracidade umas as outras, e por esta razão, os criadores da premiação optaram por proteger a identidade das ganhadoras.
Mas voltando a minha indicação.
Desde àquele Dezembro de 2009, eu nunca mais fui nomeada.
Mas todos os anos, me esforcei grandemente e arduamente, para desempenhar meu papel de melhor mãe do mundo. Para que no momento em que eu finalmente recebesse a honraria, eu teria a minha consciência tranquila de que eu realmente a merecia.
O que eu preciso contar é que em Dezembro de 2009, eu achava que teria um menino - seria o Enzo, ou o Felipe, ou o Pedro, ou o Davi - eu não sabia o nome da criança. Isso me custou menos 10 pontos na avaliação final.
Naquele Dezembro, os presentes de Natal foram um carrinho roxo e um vestidinho (que a vovó comprou achando que era um body). Isso me custou mais 30 pontos. Eu cogitei pedir um nova contagem, até porque alguns meses depois do Natal, eu descobri que teria uma menina e não um menino. Então, não foi algo tão grave assim.
As minhas teorias sobre os cuidados gestacionais, parto e cuidados com o bebê, eram coerentes com os ensinamentos dos livros, mas não eram aplicáveis a realidade de ser de fato uma mãe de verdade. Eu acho que isso foi dureza de julgamento dos juízes, afinal eu ainda não tinha experiência.
Por fim, minha colocação foi prejudicada. E eu perdi.
Passaram-se 2010, 2011, 2012, 2013 e em Dezembro de 2014, quando mesmo fazendo todo o esforço para receber o título de melhor mãe do mundo, já exaurida de tantas regras, tantas ordens, tantas ansiedades, medos e culpas e ainda assim, novamente sem a indicação para o prêmio. Eu tomei uma decisão.
Não vou me candidatar.
E vivi 2015 assim, sem mirar o prêmio.
Eu acudi só as coisas que eu realmente conseguiria acudir.
E para as coisas que eu esqueci, ou não que dei conta, pedi ajuda.
A mancha do uniforme não saiu na primeira, na segunda, ou mesmo, na terceira lavagem? Sem problemas, vai de uniforme manchado para escola. A propaganda do sabão em pó fala que criança feliz é criança suja. Beleza, vou acreditar.
A escola mandou bilhete avisando que precisa de latas de leite em pó, mas a gente não toma leite em pó em casa. Antes, desespero. Em 2015, pedi ajuda no milagroso grupo de mães da escola. A pequena fez a atividade com o patrocínio latístico da família de um amiguinho da classe.
Os prazos da escola, da natação, da vida e da rotina foram atendidos quando possíveis, e não no primeiro dia após a solicitação. Perdi alguns prazos, mas priorizei aqueles que eram mais importantes. E os que eu perdi, eu dei conta de arcar com as consequências.
Foi
Mas a minha confissão mais verdadeira é que foi mais leve.
Essa semana, conversando com a professora da pequena, me desculpei pelas milhares de falhas no ano, e disse que esse ano tinha certeza de que não seria ao menos indicada ao prêmio de melhor mãe do ano. E ela me acolheu.
Ela me disse que ela também não estava concorrendo. E que ela já tinha sido avisada que parar de entrar na disputa é o melhor sinal de saúde que uma mãe pode ter.
Então, é isso.
Mais um Dezembro chegou e eu não fui indicada à premiação.
E, hoje, estou muito feliz com isso!
Um brinde à saúde!
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