sexta-feira, 28 de maio de 2010

sobre a paternidade...

Como mulher, tenho analisado tudo que estamos vivendo, a partir de um ponto de vista feminino – afinal é o único que posso ter genuinamente. Mas estive pensando muito sobre o outro lado, sobre a paternidade... Assim, observei atentamente meu marido, em busca de pistas sobre como deve ser a paternidade para iniciantes...
A primeira conclusão que cheguei é que ser pai, especialmente neste momento que estamos – na gestação – é uma tarefa um tanto subjetiva, pois o único contato de fato que ele pode estabelecer com o bebê é através da minha barriga, e por isso não pode senti-la o tempo todo, como eu. Além disso, ele nunca vai saber como é ter enjôos, desconfortos e um bebê vivendo dentro dele, e ainda assim, precisa fazer um esforço impressionante para compreender pacientemente cada desabafo meu. Isso implica numa capacidade empática fora do comum!
Acho que outro aspecto é abrir mão do ciúme, tão característico da maternidade. Afinal o pai desde o começo tem que aprender que o bebê que é dele, está (ao menos por ora) sob os cuidados da esposa, só depois ambos irão compartilhar essa responsabilidade. E, em falar em responsabilidade, para o homem pesa o papel social do mantenedor do lar, e chegará mais uma vida que dependerá dele.
A maternidade é cheia de nuances, mas observando meu marido, descobri que ele está mudando, assim como eu. Descobrindo uma nova maneira de ser ele: marido, profissional, filho, amigo e pai! Por fim, cheguei a melhor de todas as conclusões, quando é possível viver essa mudança juntos, as nuances de cada lado se tornam mais especiais, afinal não é possível existir um bebê se antes não houver um homem e uma mulher, uma mãe e um pai.

domingo, 23 de maio de 2010

o fim e o começo

Quando chegamos mais próximos do fim, instintivamente começamos a lembrar do início.
Hoje me dei conta de que a vinda da nossa pequena está mais próxima do que nunca! Apesar do susto que tivemos esta semana, somente depois de entrar no boletim do site babycenter foi cair de fato a minha ficha de que não serei mais uma gestante, e que todas as teorias e todo o conhecimento que tentei acumular para encarar a maternidade estarão sendo colocados a prova - a qualquer instante. A frase que me fez encarar a realidade foi: "você está de 36 semanas, ou seja, está na 37ª semana de gestação, no nono e ÚLTIMO mês de gravidez."
Imediatamente comecei a lembrar do momento da decisão, dos meses frustrados, da alegria do teste positivo, da confirmação da gravidez, dos enjoos, dos exames e do acompanhamento minucioso do desenvolvimento do bebê, das 22 semanas de espera para saber se era um menino ou uma menina, de cada preparativo, do chá de bebê, de cada situação inesperada que vivemos...
Nossa! Foram meses intensos, em alguns momentos foram longos e doloridos, em outros foram alegres, repletos de expectativa e muito tranquilos.
E agora tenho a clareza de que foi uma fase, e que como toda a fase na vida, chega ao fim e abre espaço para o início de outra - segundo meu marido, a próxima será mais divertida e surpreendente! Não menos assustadora, mas tão intensa e interessante quanto a que estamos completando.
Com isso, talvez tenha descoberto outro segredo da maternidade: o de não se prender em uma ocasião ou momento, de estar aberta para cada nova etapa; entendendo que cada instante guarda uma surpresa, um crescimento e que para alcançarmos os próximos, precisamos nos despedir daqueles que já superamos.

sábado, 22 de maio de 2010

sentimentos contraditórios...

Na segunda-feira escrevi que tinha tido uma vontade louca de que minha filha nascesse para que eu pudesse mostrar o mundo do lado de fora do nosso apartamento. Acho que ela percebeu e ironicamente na terça-feira fomos surpreendidos com a possibilidade da sua chegada prematura. Durante a consulta de rotina, descobrimos que além de estar em trabalho de parto (que cá entre nós eu nem sabia que estava), este já tinha progredido ao ponto de me encontrar dois centímetros dilatada. A médica optou por interromper o trabalho de parto e tentar mantê-la por mais alguns dias dentro da barriga - para que ela fique um pouco mais gordinha; assim fomos do consultório para o hospital e lá fiquei até sexta-feira.
Foi impressionante a quantidade de sentimentos contraditórios que experimentei – chorava de desespero pelo fato de ela poder nascer prematuramente e necessitar de uma atenção especializada, e ao mesmo tempo chorava porque teria que esperar um pouco mais para conhecê-la. Sorria pela possibilidade de ir para casa com ela nos braços e ao mesmo tempo sorria por saber que ela ficaria mais um tempo protegida. Ela mexia dentro de mim e me emocionava por imaginar que aquela seria a última vez que a sentiria, e instantes depois lembrava que esta cumplicidade que hoje tenho com ela poderia acabar. Por fim, estou em casa com ela na minha barriga, podendo me preparar melhor para o dia D, e só agora percebi que a contradição é parte integrante da maternidade.
Apesar de tudo é bom ter entendido isso, afinal essa minha amizade com a contradição não vai acabar quando minha filha nascer. Aliás, tenho a impressão que só estamos começando!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

o mundo do lado de fora do meu apartamento

Hoje saí de casa pela primeira vez desde terça-feira passada, fui fazer um exame - aliás, parece que está tudo ok! Mas foi muito interessante sair do apartamento depois de tanto tempo ficando quietinha e deitada, chegou a ser engraçado...
Primeiro fiquei emocionada por andar de carro com o meu marido, escutar as músicas que ele estava escutando - precisei me conter para as lágrimas não escorrerem, há necessidade?! Depois notei que o outono realmente chegou, percebi que as folhas de algumas árvores estavam ficando secas e que o céu assumiu aquela cor azul acinzentada linda! Voltando para casa, depois do exame, percebi que pintaram os vasos da entrada do meu prédio.
Fechada no meu apartamento e me comunicando com o mundo real só por vias virtuais, quase me esqueci das coisas especiais que estão fora deste espaço protegido e limitado. Pensando nisso, automaticamente senti uma vontade louca de que minha filha chegue para que eu possa mostrar para ela as coisas simples e lindas que podemos encontrar do lado de fora do nosso apartamento.

sábado, 15 de maio de 2010

tenho a vida inteira para...

Desde janeiro deste ano, essa frase tem me perturbado o sono. Muito habituada a fazer tudo ao mesmo tempo e tentar cumprir todas as responsabilidades (sejam minhas ou que os outros acham que são), fui pega de surpresa no casamento de uma das minhas amigas mais queridas. Em um determinado momento da noite, na qualidade de madrinha da noiva procurei saber se ela estava precisando de alguma coisa e simplesmente perguntei se já tinha jantado; ela me olhou, me deu um sorriso lindo e feliz e respondeu: "Tenho a vida inteira para comer, agora só quero aproveitar a alegria do meu casamento!"
Na época já estava grávida, e fiquei me perguntando quais coisas na minha vida são essenciais, quais posso esperar para fazer e mais importante: será que tenho vivido de forma tão intensa e verdadeira as alegrias da vida? Nem preciso dizer que o momento de maior felicidade da minha amiga, se transformou numa crise existencial para mim.
Até hoje me pego acordando no meio da noite tentando completar a frase "tenho a vida inteira para _____". Aos poucos tenho aprendido a priorizar, tenho perdido o medo de desagradar, e estou descobrindo que dizer "não" acaba sendo natural se o que te pedem não é uma prioridade de fato.
Tenho certeza que esse tem sido um exercício valioso, pois como mãe vou precisar priorizar as atividades com as quais vou me comprometer, as que irei valorizar em favor da minha família; também terei que saber frustrar minha filha para que ela possa aprender a lidar e superar os limites que a vida irá lhe apresentar e sem dúvida nenhuma quero poder viver com profundidade a felicidade de ser mãe desta pessoinha e poder participar da vida dela. Como mulher, esposa, profissional e mãe vou precisar preencher essa lacuna sempre: "tenho a vida inteira para..."
Agradeço todos os dias por ter escutado isso!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

a senhora aceita uma birra antes do café?


Moro num condomínio cheio de crianças, ou será que tem o número normal de crianças para um condomínio e só porque estou grávida reparei na quantidade de crianças? Enfim, essa não é a questão, vou começar de novo!
Moro num condomínio que tem crianças e hoje tive o privilégio de escutar uma birra, protagonizada por um menininho de quatro ou cinco anos, antes do meu café da manhã. O tema era "NÃO QUERO IR PARA A ESCOLA!"
Convenhamos, a criança tem lá suas razões para o belo comportamento matinal, afinal de contas se trata de uma sexta-feira fria (fresca se você estiver grávida como eu!). O pequeno já acordou cedo a semana toda, participou ativamente das pinturas a dedo, das atividades com massa de modelar, do ensaio da festa junina, do judô, do inglês e até dividiu seu brinquedo preferido no parque. Eu entendo, a criança está cansada. E tive a impressão que a mamãe também compreendia todas essas razões, porque no meio dos gritos e do choro desesperado, eu não ouvi a sua voz. Ela (imagino eu) também acordou cedinho a semana toda, aprontou o café, arrumou a lancheira, ficou linda para ir trabalhar, deixou o filho lindo para ir à escola, o levou e depois foi para o trabalho, se mostrou comprometida, dedicada, empenhada, bateu metas, fez compra no supermercado, lavou roupa e louça e tudo o mais... Ela também deve estar cansada. Tenho certeza que nesta sexta-feira fria, ela também estava com vontade de aprontar uma birra com o relógio despertador.
Isso tudo me fez pensar que esta só pode ser uma mãe experiente, porque ela não comprou uma briga por conta da birra, ela compreendeu os dois lados - mesmo sendo um dos lados! Ela aceitou que o adulto na relação mãe e filho é ela, e que a sexta-feira fria era uma ótima oportunidade para ensinar ao filho sobre paciência, tolerância, responsabilidade e autocontrole - ainda que ele venha a entender tudo isso só daqui a alguns anos.
Isso que é mãe experiente, como sou só iniciante torço para um dia chegar lá!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ela apronta, mas quem fica de castigo sou eu?

Como escrevi no meu primeiro post: estou de repouso absoluto! Já faz sete dias, e precisarei ficar mais sete. O porquê desta condição é que minha filha está querendo nascer antes da hora... De tudo o que ela podia puxar a mim, lógico ela escolheu a ansiedade!!!
Desde o dia 20 de abril, tenho sentido coisas "estranhas" como dificuldade em andar, de sentar, ou mesmo de deitar direito, para minha surpresa estas esquisitices fazem parte da lista de coisas que acontecem com a gente quando o bebê encaixa. Mas claro que para minha pequena ansiosa, o encaixar simplesmente em si não tem tanta graça, ela decidiu que deveria provocar contrações e desconfortos grandes o suficiente para preocupar os pais, a médica e os parentes próximos... Como ainda é pequena (e cá entre nós duvido que para mim, algum dia será grande!), ela precisa esperar um pouco mais para chegar, e te pergunto: como se convence um bebê que ainda não está na hora de nascer? Como fazer isso? Dentre outras coisas: colocando a mãe de castigo!
Agora pense em uma mãe iniciante que não pode ir para o trabalho, que não pode sequer fazer uma comprinha ou outra, nem que seja para o enxoval do bebê, que deve ficar deitada o máximo possível. Imaginou? Esta pessoa tem sido eu pelos últimos dias!
Por enquanto divido meu corpo com ela e sei que ficando de repouso estou fazendo o melhor pela minha filha, mas sei também que essa realidade de ficar de castigo quando ela aprontar alguma coisa não vai se encerrar na saída da maternidade, acredito até que isto será ainda mais presente conforme ela estiver crescendo. Afinal, tenho certeza que em algum momento das nossas vidas, estarei me arrumando para um compromisso que fiquei aguardando meses para comparecer e na hora H, ela vai aprontar uma birra ou algo parecido, e em favor de ensiná-la a ser alguém educada e respeitosa, não vou poder deixar ela ir naquele aniversário que providencialmente era no mesmo horário, estou ciente que terei que me atrasar ou mesmo cancelar o meu compromisso para que ela amadureça e aprenda a lidar com as consequências das ações.
Pois é... Ela apronta, mas quem fica de castigo sou eu também!

o meu e o seu: por enquanto é a mesma coisa

Sou mãe há pouquíssimo tempo, na verdade, por enquanto sou mãe apenas na barriga, mas a experiência da maternidade começou antes mesmo de ficar grávida. E tem me mudado um pouquinho a cada dia, ao ponto de que já não sou mais a mesma que era antes, e a verdade mais pura é que o processo tem sido tão delicado e homeopático que já não sei mais quando a mudança aconteceu. Sei que muitas pessoas não consideram a gestante como mãe
- eu acho que isso chega a ser até um pecado, pois por mais que nos digam que as coisas mudam com a chegada de um bebê, nunca estamos preparadas ou esperando as mudanças de vamos viver a partir do resultado POSITIVO tão desejado.
Quer um exemplo? Antes meu corpo era só meu. Se eu ficasse doente, com fome, com sede ou com qualquer outra coisa, era problema meu! Agora não é mais assim... Não tenho o direito de ignorar nenhum desconforto e preciso resolvê-lo o mais rápido possível, afinal divido o meu corpo, a minha vida (concretamente) com uma pessoa que eu amo, ainda que não tenha sido propriamente apresentada. Apesar deste ser o princípio mais básico da maternidade, posso dizer com tranquilidade que só entendi isso essa semana, sabe de que jeito? Ficando pela segunda vez de repouso absoluto!
Conselho se fosse bom a gente vendia, certo? Mas nesse eu queria ter prestado atenção: cuidar de você realmente é cuidar do seu bebê...