quarta-feira, 13 de abril de 2016

dicionário Isabelês - Português

A pequena é super criativa, ama desenhar, criar coisas, inventar brinquedos, e ultimamente ela deu para inventar palavras. A cada palavra nova que aparece, eu lanço mão do meu bloquinho de anotações e coloco num banco de palavras. Resolvi colocar as primeiras aqui:

CONFORTANTE - adj. uma coisa que é muito confortável. "Nossa, essa blusa é tão confortante"

DESCADERNAR - verbo. ato de retirar a folha de um caderno. "Você pode me emprestar uma folha? Claro, deixe-me descadernar esta para você." conjug. Eu descaderno, tu descadernas, ele descaderna, nós descadernamos, vós descadernais, eles descadernam.

ESCLAREADO - adj. masc. uma coisa muito clara. "O céu está tão esclareado!"

ESPRIGUIÇOSA - adj. fem. qualidade de uma situação na qual experimentou-se demasiada preguiça. "Tive uma noite de sono tão espriguiçosa! Que delícia!"

FAROLADA - adj. fem. qualidade de um farol alto de carro. "Esse carro precisa estar com a luz tão farolada?"

GABIDA - adjfem. aquela que é inconveniente por se gabar. "Eu não quero mais ser amiga da Fulana, ela é muito gabida."

INFALIDADE - adj. qualidade de um ser ou de uma coisa em ser infalível. "Mas é muita infalidade para esse super herói!"

MAGOÂNCIA - adj. qualidade de quem ficou magoado. "Mas se eu não quiser brincar com você, não vai ter toda aquela magoância, vai?"

NECESSARIA - adj. uma necessidade exagerada. "Quanta necessaria existe no nosso país!"

Aguardem novas edições do exclusivíssimo Dicionário Isabelês-Português, estou confiante que existirão novas tiradas tiragens.




quarta-feira, 6 de abril de 2016

o problema da Fada do Dente

Confessionário: 
Pai, perdoa-me, pois eu pequei. Fui "menas mãe". Não, não é exagero. Vou explicar.

Há algum tempo minha pequenina tem alguns dentes moles. Quatro aliás.
E ela tem experimentado uma expectativa radiante acerca da visita da Fada do Dente.
Esta visita, segundo a lenda infantil, só ocorre quando o dente finalmente cai.
E eis que numa quinta-feira (31 de março de 2016, às 12:45), em meio a um almoço "saudável" selecionado no mais requintado restaurante do palhaço. No meio do sanduíche (-iche), caiu o primeiro dente! Foi aquela festa (aquele sangue)!
Nesta noite, emocionados pelo momento, eu e papai assumimos orgulhosos o papel da Fada do Dente. Colocamos as moedas de chocolate (orientados pela porquinha rosa) e colocamos uns trocadinhos (a Fada do Dente também sofreu impactos da crise econômica). E adormecemos felizes por termos exercido - com louvor - nosso primeiro momento de Fada do Dente.

Confessionário:
- Até aí, tudo bem, minha filha.
- Espera, Pai. Tem mais. 

No dia seguinte (01 de abril de 2016, às 13:00), a pequena tinha uma consulta agendada com a dentista. Tinha mais um dente mole que não caía por nada, e o seu respectivo permanente apontava com toda pompa e formosura. E assim, nós fomos para o consultório. E a dentista (uma linda e fofa) magicamente retirou o dente teimoso. E a pequena foi para casa com o dentinho na mão, e com o sonho da segunda visita da Fada no coração.
Sabe, Pai. Eu e o papai já tínhamos sido a Fada na noite anterior. Nós dois tivemos semanas cansativas. Nós tínhamos até saído para comemorar as janelinhas. 
E nós a... 
Quero dizer... 
Eu e o papai... 
Nós do... 
Sabe o que é... 
Nós adormecemos! 
Nós dormimos! 
É... 
A verdade é que nós esquecemos da Fada... 
Nós esquecemos do dente!

Confessionário:
- Sim, filha. Realmente, isto é ruim.
- Calma, Pai. Tem mais.
- Tem mais, minha filha?
- Sim! 

Na manhã seguinte (02 de abril de 2016, às 6:00), a pequena acordou e constatou que a Fada do Dente não passou. Ela veio cabisbaixa até o nosso quarto. Ela abriu a nossa porta. Segurando as lágrimas, ela encontrou coragem para dizer em voz alta o que havia acontecido. As palavras dela foram de pesar: "Mamãe, Papai. A Fada do Dente não veio". 
Imediatamente eu e o papai nos olhamos, olhos fitos e arregalados.
Eu pulei da cama e a abracei. O papai pulou da cama e veio em nossa direção.
Sabe, a pequena está moça. E mesmo em meio a tamanha decepção, ela segurou as pontas. Não chorou.
Minha cabeça girava. 
O sentimento de "menas mãe" me consumiu.
Eu precisava agir rápido para não destruir a fantasia. 
Eu disse: "Vamos no seu quarto para ver o que aconteceu."
Levantei o travesseiro, como se procurando por ideias.
Até que eu vi, em cima do criado mudo, o potinho com o dente.
Minha mente viu isso como uma oportunidade para amenizar a situação.
E eu disse: "Ah, filha... Entendi porque ela não veio. A Fada do Dente só pega o dentinho que está embaixo do travesseiro, porque esse é o código secreto. Ela não deve ter entendido se podia pegar o seu dente."
A pequena acreditou.
Silenciosamente, ela se dirigiu à mesinha do computador, pegou um lápis e um papel. 
E escreveu: "Querida Fada do Dente, meu dente estará embaixo do travesseiro."
Desenhou alguns dentes na folha, fez um rococó, dobrou em forma de envelope e colocou a correspondência ao lado da cama.
Na noite seguinte a Fada passou.

Confessionário:
- Sabe, Pai. Eu atrasei a Fada do Dente. E pior, eu tirei o trocado que a Fada tinha dado na noite anterior de dentro do cofrinho, e dei o mesmo trocado de novo. Mas a Fada foi. A fantasia permaneceu. A infância continuou.
- Sabe, filha?
- Sim, Pai.
- Você realmente foi "menas mãe". Mas como diz a Palavra de Tiago, capítulo 5, versículo 16: "Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia.". Você confessou, filha. Vamos orar por você. Vá e não peques mais.
- Obrigada, Pai. Sinto-me aliviada.