segunda-feira, 21 de março de 2016

it's just a moment this time will pass

Eu amo U2, sabe a banda irlandesa? 
Acho eles um máximo.
E tem uma música deles que se chama Stuck in a Moment You Can't Get Out Of, que foi lançada em 2002 e pertence ao álbum All That You Can Live Behind.
Bom, o álbum todo é muito bom, mas essa música em especial, mexe com o meu coração.
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Como eu disse há um tempo atrás, eu sou bem árvore. 
(Se você não leu e quiser ler, pode clicar aqui que você vai direto para o dia da minha confissão.)
Tenho dificuldade em pensar que uma mudança é transitória. 
Eu tendo a lidar com a mudança, como algo que se instalará permanentemente na minha rotina, na minha vida.
E adaptação parece ser a minha palavra da vez.
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Já faz algo perto de um mês que tenho alugado os ouvidos do papai da pequena (e do Papai do Céu também) com a minha sensação constante de não conseguir fazer as coisas andarem com naturalidade. 
A cada semana, sinto que minhas pernas não são grandes o suficiente para dar os passos que a minha rotina exige de mim: ser esposa, ser mãe, ser filha, ser amiga, ser profissional, ser estudante.
Eu vou percebendo que a cada dia, deixo uma(s) peteca(s) cair(em)
No dia seguinte, pego a(s) que caiu(ram) do chão e derrubo outra(s)
E assim, nada entra no seu devido lugar.
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E aí, eu volto à música.
O refrão expressa, com exatidão o meu sentimento:
You've got to get your self together (Você precisa se recompor)
You've got stuck in a moment and you can't get out of it (Você ficou preso a um momento e não consegue sair)
Don't say that later will be better (Não diga que mais tarde ficará melhor)
Now you've got stuck in a moment and you can't get out of it (Agora você ficou preso a um momento e não consegue sair)
E aqui estou euzinha presa a minha lamúria de árvore.
Derrubando todas as petecas. 
Cantando as lágrimas da minha autocomiseração.
E de repente, o Bono e seus amigos me dão uma lição daquelas.
Porque a música termina assim:
It's just a moment (É só um momento)
This time will pass (Esse tempo irá passar).
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E aqui segue a minha reflexão:
Eu serei todas essas coisas (esposa, mãe, filha, amiga, profissional, estudante) por apenas um momento. 
Realmente é difícil quando todas essas coisas acontecem ao mesmo tempo.
Só que mesmo quando tudo parece nos sobrecarregar, ainda assim, é "só" um momento que irá passar.
Cabe a mim, a partir de agora, me recompor. 
Sair do ciclo vicioso da lamúria. 
E lembrar que como esse momento irá passar, eu preciso saber sorrir agora.
E eu espero - de coração - que isso seja mais fácil para você, porque confesso: isso é bem dureza para mim.
Mas vamos lá...
É só um momento, esse tempo irá passar...




sexta-feira, 18 de março de 2016

carta 2

Oi Filha,

Tudo bem? 
Faz tempo que estou querendo te escrever. 
Muito tempo, mesmo.
Tenho tanto para te falar. 
E é tanto, sobre tantas coisas.
Mas vou escolher um tema só. 
Hoje quero te contar um pouquinho sobre mim.
E de pouco em pouco, quando fizer sentido, compartilho outros quereres.
Eu tenho me esforçado para te oferecer todas as condições necessárias para você crescer e ser feliz.
E Deus sabe o quanto isso é importante para mim.
Nesse processo de lutar por você, de lutar por nossa família, de lutar pelos nossos sonhos (e estou usando lutar no sentido de trabalhar, de esmero, de zelo, de cuidado e amor profundo), eu acabo me perdendo. 
Meu foco é tão intenso nesse propósito, que facilmente me esqueço de sorrir, de aproveitar e de ser leve com o momento que estamos vivendo. 
Como a gente brinca aqui em casa, eu viro um tratorzinho. Uma teimosa. Escutando de menos. Mandando demais.
Mas mesmo a minha feiura - e é feia sim, reconheço. 
É uma feiura que brota do meu amor por você, pelo papai, pelo nosso lar, por quem nós somos.
Não é porque a feiura nasceu no amor, que posso considera-la correta. 
E quero que saiba, que estou trabalhando para corrigir a minha feiura.
Quero te ouvir mais, porque tudo o que você escolhe dizer é tão especial... mesmo quando você escolhe ter os ataques de bobura, que são o primeiro sinal de que minha feiura se instalou. 
Eu sei que os ataques de bobura são o seu jeito te me lembrar que eu esqueci de sorrir.
O que mais quero é encontrar o equilíbrio, para aproveitar nosso tempo que é tão curto, passa tão rápido, e que são extremamente preciosos para mim.
Logo eu chego, lá. 
Obrigada por ter paciência comigo.

Eu te amo, sempre e mais.
Mamãe